11 de janeiro de 2009

Peregrino por um dia...

Lisboa... 10 Janeiro! Ás 9h da manhã o frio mostrava a sua garra! 3 graus!
Mas a cabeça estava determinada em descobrir o Caminho de Santiago que se inicia em Lisboa. Depois de muita pesquisa lá descobri um guia da Asociacón Galega Amigos do Camiño de Santiago que detalhadamente nos leva de Lisboa,(Sé), até Santiago Compostela...

Lançei-me nas ruas de Lisboa a caminho da Sé... e lá estava a seta amarela. Olhos molhados, coração emocionado. Afinal era verdade o que o guia mencionava! Um breve telefonema à mulher da minha vida e pernas ao caminho.... depois de atravessar a zona de Alfama, Feira Ladra, Sta Apolónia, Beato, Xabregas, Expo... ali estava eu na foz do Trancão. Ao cruzar o rio na ponte de Sacavém, ali estava na entrada da margem o primeiro trilho de lama que indicava o início do Caminho de Fátima que assim se juntava ao Caminho de Santiago.


Por entre muito lama, segui até Alpriarte passando a Granja e a Vialonga. Nunca me passaria pela cabeça o que o vale do Trancão esconde em trilhos e diversão.
Chegado a esta localidade, e iniciando um misto de alcatrão e trilhos segui até à rotunda da nacional na Póvoa Sta Iria. Atravessando para o outro lado da linha do comboio (presença constante ao longo de todo o trilho), entrei na zona industrial da Póvoa e em pleno sapal do Tejo... este troço termina na estação de Alhandra junto ao Museu do Ar onde bebi o 1ª café da manhã.

Daqui até à estação de Vila Franca foi um misto de alcatrão e estradões, mas não sem que primeiro me perde-se em Alhandra e nas suas ruelas estreitas. A sensação de seguir as setas relembrou-me toda uma fé o motivação para superar dores físicas e luta mental para "dar mais um passo", neste caso mais uma pedalada.


Na entrada de Vila franca a paragem obrigatória foi na Palha Blanco. Seguindo a variante de Vila Franca, ultrapassei a Ponte Marechal Carmona até atingir a Vala do Carregado. Nova paragem para combater o frio, a fome e o cansaço. Tinha cumprido até aqui cerca de 50km.

O caminho flecte aqui à direita levando-nos ao portão principal da Central Termo-Electrica do Carregado, um monstro feio e abrupto numa paisagem de canaviais e vegetação rasteira. Seguindo o Caminho entrei em Vila Nava Rainha. Despedi-me de Vila Nova depois de receber um telefonema do Jorge que me chamou "coelhinho Duracel" e "maluco" (a questão dele era, quem é que é suficientemente maluco para ir de BTT até Santarém com este frio)... Atiro-me então ao troço mais duro desta etapa. A nacional 10, com ventos frontais e muito trânsito, estende linguas de alcatrão de kms e kms até à entrada na Azambuja. Vila que me recebeu com sol, um café quente e um bilhete de comboio para Lisboa.

Faltavam é certo, 32km para atingir Santarém, meu objectivo final, mas o avançar da tarde, o frio e uma dor de rins que teimava em não me dar posição de condução ditaram o regresso a Lisboa de comboio, logo aqui!...
Na chegada a Lisboa, completamente gelado com os 8 graus que se sentiam às 16h da tarde, optei pelo metro... troço do qual não tenho qualquer memória, já que a cabeça se perdeu em imagens e setas, momentos e trilhos de um dia diferente. Um dia de descoberta, de pesquisa, de certezas.

Foram 65km, em 4h de pedal, mais 1h de paragens acumuladas que me mostram que Santarém é atíngível em 5h ou 6h de caminho quando iniciar os "Caminhos do 70s" a 25 Abril 2009.

Santiago esteve sempre ali... está sempre em mim, e que bom que foi voltar a ser Peregrino, ainda que apenas por um dia.

Aquele Abraço... o clássico!
70s

2 comentários:

Anónimo disse...

Valente!

Belas pedaladas.

Abraço amigo.

MC

Anónimo disse...

Que Santiago te acompanhe sempre nas "pedaladas" da vida!

luv u