30 de janeiro de 2009

Uma vez... de vez em quando...

... uma vez de vez em quando, há uma maré de Inverno que nos mostra que somos impotentes perante tamanho desafio... uma vez de vez em quando, há uma maré de Inverno que se anuncia atempadamente. Envia-nos mensageiros, as gaivotas. Envia-nos um mestre de cerimónias, o vento. Envia-nos o seu emissário especial, a chuva. E depois sem pompa nem circunstância chega... essa maré invade a costa, invade os areais, invade os pontões... silenciosa toma o seu lugar e mostra o seu domínio. Na nossa ingenuidade ou loucura optamos por enfrentá-la e tentamos conquistar cada braço de todo o seu esplendor...

Braçada a braçada, tentamos e renovamos esta tentativa de obter desta maré um momento unico, um derradeiro desafio, conquistar um novo instante. É-nos permitida tal veleidade! É-nos aceite o desafio, até que, uma vez, de vez em quando, esta maré nos mostra que a ingenuidade ou loucura têm um preço a pagar.

Há sempre aquele 7 que entra, anunciando que nos vais engolir, massacrar, maltratar. O coração dispara. Estamos efectivamente encurralados! Duas braçadas para a frente nada vão resolver! Virar as costas e fugir para o areal também não será opção já que não lhe conseguiremos escapar! O "caldo" está então definitivamente confimado! Será apenas uns instante para esse segundo de puro castigo...

A cabeça voa em emoções! Que fazer? Como escapar? O medo invade os musculos! A adrenalina contorce-nos as veias... este será o caldo! Aquele! O que tememos durante todo o inverno e que sabemos que viria, virá, veio. É verdade que cada um de nós enfrenta este momento dentro do seu espírito! Mas estar ali, na hora e local errado custa! Ainda mais quando é de perfeita consciência que ali estamos.

Pois bem, aqui estou em consciênia! Tenho esse 7 pela frente! O caldo está garantido! Tou com medo! Um medo tão profundo que me invade os musculos! As veias torcem-se!... o que vou fazer agora? Fugir? Tentar um "bico de pato" que sei à partida ser impossível? Embarcar numa montanha de espuma e fugir para o areal? Não me parece! Resta a opção mais digna! Aguardar! Deixar-me consumir pelo medo e pela adrenalina e jogar o meu duque de trunfo no momento certo. Sim porque num jogo de cartas, um duque também é trunfo e vale tanto como um ás... o meu duque! Será uma remada longa em direcção a esse 7. Será o revirar do noose na direcçao do areal. Será a tentativa de me por de pé e usar a força que me resta para tentar, pelo menos tentar atingir a glória de escapar a esta montanha de água.

Estou a iniciar a remada neste preciso momento. Amigos, família e a mulher da minha vida assistem no areal a este momento. Há medo e angustia nos seus olhares! Há palavras sussuradas em busca de auxílio divino. Há olhos que se fecham tentando com esse gesto congelar o tempo para eu possa escapar. Há tudo isso!

Atingirei a glória? Atingirei o areal? Será que me safo a este instante? Neste momento não sei... mas jogo o meu duque, rezo e espero! Só assim serei digno!

Aquele Abraço... o Clássico!
70s

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