Braçada a braçada, tentamos e renovamos esta tentativa de obter desta maré um momento unico, um derradeiro desafio, conquistar um novo instante. É-nos permitida tal veleidade! É-nos aceite o desafio, até que, uma vez, de vez em quando, esta maré nos mostra que a ingenuidade ou loucura têm um preço a pagar.

Há sempre aquele 7 que entra, anunciando que nos vais engolir, massacrar, maltratar. O coração dispara. Estamos efectivamente encurralados! Duas braçadas para a frente nada vão resolver! Virar as costas e fugir para o areal também não será opção já que não lhe conseguiremos escapar! O "caldo" está então definitivamente confimado! Será apenas uns instante para esse segundo de puro castigo...
A cabeça voa em emoções! Que fazer? Como escapar? O medo invade os musculos! A adrenalina contorce-nos as veias... este será o caldo! Aquele! O que tememos durante todo o inverno e que sabemos que viria, virá, veio. É verdade que cada um de nós enfrenta este momento dentro do seu espírito! Mas estar ali, na hora e local errado custa! Ainda mais quando é de perfeita consciência que ali estamos.
Pois bem, aqui estou em consciênia! Tenho esse 7 pela frente! O caldo está garantido! Tou com medo! Um medo tão profundo que me invade os musculos! As veias torcem-se!... o que vou fazer agora? Fugir? Tentar um "bico de pato" que sei à partida ser impossível? Embarcar numa montanha de espuma e fugir para o areal? Não me parece! Resta a opção mais digna! Aguardar! Deixar-me consumir pelo medo e pela adrenalina e jogar o meu duque de trunfo no momento certo. Sim porque num jogo de cartas, um duque também é trunfo e vale tanto como um ás... o meu duque! Será uma remada longa em direcção a esse 7. Será o revirar do noose na direcçao do areal. Será a tentativa de me por de pé e usar a força que me resta para tentar, pelo menos tentar atingir a glória de escapar a esta montanha de água.
Estou a iniciar a remada neste preciso momento. Amigos, família e a mulher da minha vida assistem no areal a este momento. Há medo e angustia nos seus olhares! Há palavras sussuradas em busca de auxílio divino. Há olhos que se fecham tentando com esse gesto congelar o tempo para eu possa escapar. Há tudo isso!
Atingirei a glória? Atingirei o areal? Será que me safo a este instante? Neste momento não sei... mas jogo o meu duque, rezo e espero! Só assim serei digno!
Aquele Abraço... o Clássico!
70s
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