25 de fevereiro de 2009

Esta manhã, cumprindo o meu ritual habitual de beber um café caseiro bem quente à janela da varanda fui surpreendido pelo florir da árvore do jardim sobranceiro da vizinha do rés-do-chão... durante a semana passada as mãos negras e experientes de um jardineiro removeram todos os pedaços de morte e tristeza deste jardim... galhos, flores moribundas, erva daninha, folhagem velha, relva queimada do tempo, restos de vida que agora fora do caminho da Mãe Natureza deixam espaço para que todo o esplendor e alegria do renovar da vida ocupem o espaço deixado vago pelas mãos negras do jardineiro... Renova-se a vida...! Num breve associar de pensamentos, levanto os olhos para os muretes que delimitam o pequeno jardim! Há um melro que teima em poisar na borda, como que querendo ele também apreciar este renascer do dia, da vida... instintivamente procuro as andorinhas! É ainda talvez um pouco cedo... mas a primavera está a chegar! Aqueles pequenos rebentos nos ramos podados da arvore que até aqui dava sinais de morte, doença e abandono, são agora o anunciar do regresso da primavera, dos dias mais longos, dos fins de tarde suaves e das cores...

Curioso como estes breves sinais que despontam nos ramos feridos pelas mãos negras do jardineiro celebram agora o início de mais um ciclo, um início de vida... também a minha vida de reinicia hoje. Também a minha vida foi ferida pela tesoura implacável do destino. Mas aqui, tal como no jardim por baixo da minha janela, a vida renasce. Aguardo a chegada da primavera, dos ditos dias longos. Por enquanto vejo os rebentos da árvore florir e aprecio a companhia daquele melro, que no seu jeito trapalhão se junta a mim no café da manhã para ver a vida recomeçar.

Aquele Abraço... o clássico!
70s

Sem comentários: