Todos temos um painel de controlo. Fica situado no centro do nosso ser. Para lá chegar só é necessário fechar os olhos, confiar nos instintos e descer os 15 degraus que nos levam ao centro do nosso ser. Apesar do ser humano ser a mais avançada “máquina” a base do nosso ser, o dito painel de controlo é um daqueles artefactos velhos e visualmente obsoletos. Manivelas, botões, manómetros, caixas de fios.
É assim porque o ser humano aprendeu a confiar no lado mecânico em detrimento do electrónico. Os dispositivos electrónicos encravam, auto-suspendem-se, desligam-se com falta de energia. Os mecânicos só dependem de roldanas, rodas dentadas e bombas injectoras.
Sentado no interior do meu ser, olhando os manómetros, posso puxar as manivelas, carregar nos botões, olhar os manómetros. Há de tudo um pouco. Medidor de tensão arterial, controlador de felicidade, níveis de adrenalina, regulador de suor, medidor de luminosidade ocular, transformador de tristeza, bomba de injecção de sorrisos, retro injector de horas de sono, amplificador de criatividade… tantos e tantos outros.
Ontem desci os 15 degraus de acesso. Confiei plenamente nos meus instintos já que aquele é um lugar seguro para mim… analisei os níveis dos manómetros, puxei uns quantos botões, seleccionei as rodas que apertei e desapertei. Objectivo, regular o dia-a-dia.
Depois de um dia longo e recheado de boas novas, fiz um reajuste (e não um reset) ao sistema. Registei na paleta de trabalho os níveis e adicionei os valores necessários para continuar a trilhar este caminho…
Tenho um painel de controlo daqueles bem velhinhos. Daqueles que ficam instalados numa cave esconsa e meio húmida. Coloquei uns posters de ondas, uma cadeira de braços. Gosto de estar ali, a olhar aqueles sistemas arcaicos….
Gosto dos meus dias! Gosto dos meus níveis!... e não penso trocar esta geringonça por nenhum sistema electrónico.
Aquele abraço…. O clássico.
70s
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