Por estes dias… em que se trabalha (os que ainda trabalham), apenas e só para alimentar a máquina estatal assisto em cada reunião de amigos a um diálogo recorrente…. Começa mais ou menos assim “isto está mau!”… e prossegue com o invariável “o XXX está quase sem trabalho!”… mais adiante “aquilo está para fechar!”… e desemboca invariavelmente no “estamos a pensar ir embora!”….
A esta panóplia de frases juntam-se as respostas de quem escuta… “e para onde vão?”… seguida de “como vão fazer com a casa”… e naturalmente “e os pequenos? Como vai ser com a escola?”….
A réplica é dada de forma simples, singela, com cara fechada e pragmática… “qualquer coisa é melhor que isto! Aqui não há mais nada para nós! Ainda menos para os pequenitos!”…
… (silêncio)…
… (introspecção)…
… (neurónios a trabalhar)…
… e dou por mim a pensar que esta conversa é realmente recorrente! E a ideia passa pela nuca como um arrepio, e se nos acontece a nós?!
… (silêncio)…
… (introspecção)…
… (neurónios a trabalhar)…
… Arghhhhh! Amargo de boca, frio na espinha e um terror lancinante.
Ora bem… eu nasci aqui, no “jardim à beira-mar plantado”, cresci aqui nesta terra! Foi aqui que investi na minha educação, crescimento profissional, património pessoal, que rimei raízes e fiz nascer a minha filha. Não me arrependo de o ter feito. Mas… “e se me acontece a mim!”… já aconteceu no passado, mas mal ou bem, como dizem os mais antigos “eram outros tempos” e a “coisa” resolveu-se.
Mas nos dias de hoje… não se resolve! Vejo amigos bem formados, com carreiras promissoras e experiência comprovada, serem ceifados e mergulhados numa qualquer estatística “destroikada”… como bons alunos… como cumpridores… como um exemplo a seguir… dizem os senhores. É este o exemplo a seguir? Ser bom aluno e não ter coo pagar as contas? É este o exemplo a seguir? Ser cumpridor e sentir que se trabalha para a máquina estatal…
Não! Não me vou alongar em políticas e perder tempo a apontar o dedo! Já confiei mais na mudança para melhor neste país… e hoje… dou por mim a não confiar. Dou por mim a pensar que em miúdo ouvia o mais velhos dizerem “isso já não é para o meu tempo”… pois bem… diziam-nos, mas eram realmente mais velhos. Estou no limiar de fazer 39 anos… e não sinto que haja futuro… e no é para mim.
Assim sendo o que dizer da minha filha…
Nasci e cresci aqui… mas hoje contra o que poderia imaginar… “se me acontecer a mim!”… serei eu nas reuniões de amigos a dizer “isto está mau!”… mais adiante “aquilo está para fechar!”… e a desembocar invariavelmente no “estamos a pensar ir embora!”….
Ainda não estamos… quer dizer, a ideia já passa pela nuca!
Aquele abraço… o clássico
70s
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