7h45… despertar! Caramba! Parece que me passou um rolo compressor por
cima. Seguro a custo uma das pálpebras para tentar focar o que me rodeia. A
outra simplesmente não responde à ordem direta de “abrir” dada pelo cérebro. É
dia. Já entra a luz do anunciado pelas frestas da janela. Hora de levantar
grita o despertador. Hora de dormir gritam as pálpebras em jeito de “motim
revolucionário anticrise de sono”. Sei lá, qualquer coisa deste género já que o
sistema operativo ainda não arrancou.
Lá me arrasto para fora da cama. Rotinas e
finalmente o café. Agora sem “fumo” pois a opção/decisão já a tomei faz mais de
um mês. Sinto diferença. Mais leve, mais fome, mais cheiro, mais tudo mas que
no fundo foi só outro motim consciente que abracei como justa causa.
Cara-metade aparece com olhos de sono. A noite até
nem foi má. As miúdas deixam dormir. O que não deixa dormir é a obrigação. Os
minutos passam. Desperta uma, a mais pequena que de imediato reclama
pequeno-almoço materno prontamente atendido sob o olhar atento, tranquilo e
meigo da progenitora. A mais velha ainda está pelo vale dos sonhos infantis
rodeada de personagens dos bonecos animados.
Passa o tempo. A mais velha desperta e aparece na
porta do quarto com o olhar de “mal-despertada”. Olhos grossos. Chucha nos
dentes. Nas mãos o Mickey, a Minnie, o Mínimo que grita “banana, banana!” que
ganhou na feira da terra, duas miniaturas de “action-figure” da Princesa Sofia.
E reclama “Olha pai como estou tão carregada!”… um beijo em jeito de mimo.
Regressa para a cama e sentada olha-me e diz… “pai, vais trabalhar hoje?”…
respondo que sim no mesmo instante em que a mais pequena no colo da mãe decide
que está cansada e que é hora de reclamar colo e que a adormeçam. Mochila na
mão, capacete na outra. Diz que faz 36º hoje. O bafo lá fora já se sente.
Beijos distribuídos.
Passa o tempo. Via rápida. Os óculos escuros
escondem a evidência de umas lágrimas que querem fugir e fogem mesmo. Cá está
mais um motim para enfrentar. Poderia até dizer que é da deslocação de ar, do
andamento de um punho espremido no acelerador da 200cc mas na verdade não é. É
apenas a tristeza de não cumprir a palavra. De não estar presente. De deixar
entre 4 paredes as três mulheres da minha vida.
Motins… cada um tem os seus!
Aquele Abraço… o clássico.
70s.
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