16 de junho de 2009

St. António, Bailaricos, Chuva... Temporais

... a celebração do St. António em Lisboa lançou uma maralha imensa nas ruas dos bairros históricos. Uma boa sardinhada, muita cerveja e sangria, farturas e claro... alegria... bailarico até às tantas. Os ritmos da pimbalhada invadiram as calçadas, páteos, ruas e largos de Lisboa animando espíritos, alegrando corações. É St. António! Cheira a manjericos! Por umas horas esquecemo-nos das dificuldades da vida. Atiramo-nos aos passinhos de dança. Empurramos e somos empurados, esmagados, apertados entre os milhares que deambulam pelas ruas sem destino definido. De Alfama ao Castelo... da Bica à Sé... vai-se caminhando (ou flutuando) como se pode. Ao sabor das gentes. A populaça esquece rapidamente a crise, a falta de dinheiro, as preocupações com o emprego (ou desemprego)... as emoções bem regadas falam mais alto e tudo o que importa é encontrar um wc para arranjar espaço para a caneca que vem a seguir... abraça-se os amigos. Beijam-se os amores da vida! Pisam-se outros convivas! Pede-se desculpa pelo banho de um copo que se entorna. Abre-se passagem aos profissionais da Cruz Vermelha que carregam mais um coma alcoólico. É Santo António. Fazem-se filmes. Tiram-se fotos! Aqui musíca brasileira! Ali pimbalhada! E mais além um sintetizador dos anos 80 roubado ao pó da arrecadação entoa um "Loooizzziiiinnnndiiiieeee"(Love is in the air!!)... É Santo António. Caminha-se km na ânsia de um Táxi vazio que dê descanso a uns pés sujos e massacrados que pedem descanso... a madrugada chega... as ruas esvaziam. Milhares de copos de plástico, lixo comum e alguns bebedolas são os sinais do arrastão popular que atropelou as pedras das calçadas... divertido! Típico! É St. António e para o ano há mais... até porque a chuva que insistia em molhar a maralha deu uma trégua nessa noite para regressar no dia seguinte arrassando o que sobrava pelas ruas.

Uma chuva chata! Que teima em não querer ir embora! Que molha as andorinhas! Que entope ruas de sargetas cheias de lixo... a mesma chuva que me consome a paciência. Uma chuva de nuvens negras, carregadas de tristeza e ansiedade. É tempo de suspender a realidade! A vida parada por instantes! A angústia regressa! O futuro incerto!

Um futuro feito de tempestade que avança... invadindo o sangue! Pedindo que se afastem! Mostrando como somos pequenos! Impotentes! Incapazes de a travar! Uma tempestade repleta de monstros e dragões. Fantasmas e assombrações! Uma vida que se coloca em pausa... com quem carrega numa tecla de gravador... a mente combate os fantasmas, as assombrações, os dragões... e já cansada parece querer render-se aos monstros... como quem joga um "shup them up" e chega ao final do nível com as forças já muito gastas e poucas munições para enfrentar o "Boss"... vida... versão real do Metal Gear Solid...

Olho para os bolsos... restam poucas munições! A barra da força está no laranja avermelhado! Sobra-me uma último golpe especial... tem que ser certeiro. Tão certeiro como a posição dos pés no drop de uma onda colossal. ... disparo... dropo... será que acertei? Será que fico de pé?

Aquele abraço... o clássico!
70s

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