28 de abril de 2011

Back to Basics

Todos os seres humanos anseia alguma coisa. Riqueza, Felicidade, Harmonia, Amor, Paz, Sucesso, Equilíbrio, Família ou qualquer outro elemento que sustente a sensação de realização plena enquanto ser humano.

Há um desejo latente que nunca pode ser saciado. Saciar totalmente uma “fome” de algo é algo intangível. O ser humano foi feito com este defeito. Querer sempre mais. E quando alcança esse “mais”, não lhe chega.
Poderá dizer-se então que o ser humano vive num permanente estado de busca, conquista e insatisfação. Será realmente assim? Aqui e ali surgem exemplos de sociedades e culturas em que o pouco que se obtém serve perfeitamente o objectivo, a tal “fome”, o tal desejo.

Não será certamente o caso das sociedades e culturas chamadas “desenvolvidas”. Essas vivem imersas na insatisfação e na ganância de alcançar o nível seguinte que lhes permite demarcar-se dos demais. Seja a ostentação, o cinismo, ou o simples “esfregar na cara dos demais”.

Vivo numa sociedade supostamente “desenvolvida”… (até ver!), e padeço do mesmo “mal”. A insatisfação minha para com o que me rodeia, ou de outros que alavancados em mim acabam por me fazer pagar a sua insatisfação.

Há uns meses, cruzei-me com uma figura curiosa. Uma alma aberta ao mundo . Homem na casa dos 60 anos. Uma enorme experiência de vida, rica em experiências em várias áreas. Um despretensioso, um racional… e porque não dizer, um “satisfeito”.

Ao longo de inúmeras horas, em conversas abertas, aprendi com ele que a satisfação (ainda que não absoluta), está precisamente no extremo oposto da dita “fome”. É no básico que está a resposta e não no acessório.

É certo que esta é uma verdade generalista. E dizer é muito mais fácil do que fazer. Mas na verdade, decidi testar essa verdade na primeira pessoa. Esquecer ou eliminar o acessório. Ignorar a “fome”. Abandonar à sua sorte o tal “defeito” da criação humana. Hoje consciente que a dita “satisfação” está realmente no tal extremo oposto, reparo que em pequenas coisas, gestos e palavras encontro uma satisfação e um equilíbrio tão doces como gelado de morango, e uma sensação de preenchimento interior como a que retiramos dos raios solares de um fim de tarde no verão.

É precisamente este “back to basics” que devo a esta figura curiosa de 60 anos. As conversas continuarão… mais espaçadas é certo… mas continuarão. Sem elas arrisco a não aprender mais nada! E no fundo, não nada melhor e mais básico do que uma boa conversa.

Aquele Abraço.
70s.

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