28 de setembro de 2011

Twin Pleasure...

Não esperava! A paixão que não se controla! Germina e floresce repentinamente… um químico que invade as veias e o corpo, que actua sobre o cérebro… sem aviso, sem notificação… sem mandar sms ou email com antecedência… e que chega… se instala… e domina! Não esperava! É que nestes dias de aéreos e ondas gigantes… em que os “Slaters” andam por aí a sacar aéreos nota 10 em ondas medianas… em que os milhões em patrocínios, webcasts e claro lucros na venda de material de marca são o objectivo final… fui assolado pela sensação de que o acto de correr as ondas em cima de um bloco pintado e parafinado, deixou de ser o que simplesmente sempre deveria ter sido… um prazer.


Hoje temos praias lotadas e magotes de “surfistas” a disputar 30cm de onda… qual deles mais bem equipado… se fosse rapper chamar-lhes-ía os “wanabe”… bons fatos, boas pranchas, muita atitude (arrogante, logo a negativa)… todos a quererem ser Slater, Taj ou Flores…. Já ninguém quer ser Lopez, Machado ou Dora.

Nunca me lancei nas shorts, acho o surf de short agressivo, competitivo, stressante… o oposto, o exacto oposto do que procuro, entenda-se o surf actual como o vemos!… Talvez por isso os anos passem e procure desfrutar com uma longarina 9.2… clássica… mas entre duas remadas minhas, 50 são os novos lobos (os tais wanabe slater), que se atiram a tudo o que mexe (enquanto está pequeno claro, se sobe é vê-los com as desculpas habituais, “ah e tal o vento, e a maré, e coiso…”), a sacar os seus projectos de aéreo, os seus projectos de tail-off, de reverse, de floater… e sempre o mesmo resultado… charco…

É neste cenário que o prazer parece não ter lugar. Um cenário massificado, standartizado, marketizado com o objectivo único e último de facturar, até porque o dinheiro faz o mundo girar… nem que seja ao contrário.

Eu busco esse prazer… sempre busquei. Sempre disse e reafirmo, prefiro surfar 50cm, onshore, sozinho… do que metro, glass com 200 tipos à distância de um braço. Talvez por isso evite os pontões da costa com os seus locais ferrenhos e os seus wanabe radicais… prefiro outros areais, ainda que com on-shore e fundos manhosos.

A chegar aos 40… e sem paciência para o lado consumista, radical… ando a remoer uma ideia de ontem, que volta hoje e terá um amanhã. Numa conversa recente de jantarada caseira, dei por mim a escutar um amigo a falar de uma forma que me tocava as campainhas cerebrais… “o estilo, a pureza, o prazer (cá está ele… trimmmm = campainha)”… seguido de expressões como “curtir apenas a linha da onda… glide… baixar o cu, passar a mão na parede da onda e deixar-me ir!”…. tudo frases e conceitos que germinam na minha cabeça. Surge o primeiro conflito, sempre disse também que encurtar o nariz do long não era para mim. Ai a nobre estupidez de quem se acha imune ao prazer e paixão…. Germinaram e floresceram… e deixei-me levar…  apaixonei-me… e tal como dizia esse meu amigo… “descobri o surf mais puro dentro do surf, um caminho de que gosto” (e como eu gosto de Caminhos!)… comecei hoje um novo projecto… twin fish, retro anos 70… wide point largo, fácil na remada, fácil nos cuts, clássica… objectivo? “Baixar o cu, meter a mão na parede e deixar-me ir”… é que eu sou daqueles que é feliz por simplesmente “glid’ar”…. Meu deus! Se sou! Se sou!! 

Aquele abraço... o clássico.
70s

1 comentário:

Anónimo disse...

À moda Facebookiana, "Gosto Disto!"

MTC