10 de agosto de 2015

Motins! cada um tem os seus!




7h45… despertar! Caramba! Parece que me passou um rolo compressor por cima. Seguro a custo uma das pálpebras para tentar focar o que me rodeia. A outra simplesmente não responde à ordem direta de “abrir” dada pelo cérebro. É dia. Já entra a luz do anunciado pelas frestas da janela. Hora de levantar grita o despertador. Hora de dormir gritam as pálpebras em jeito de “motim revolucionário anticrise de sono”. Sei lá, qualquer coisa deste género já que o sistema operativo ainda não arrancou.
Lá me arrasto para fora da cama. Rotinas e finalmente o café. Agora sem “fumo” pois a opção/decisão já a tomei faz mais de um mês. Sinto diferença. Mais leve, mais fome, mais cheiro, mais tudo mas que no fundo foi só outro motim consciente que abracei como justa causa.
Cara-metade aparece com olhos de sono. A noite até nem foi má. As miúdas deixam dormir. O que não deixa dormir é a obrigação. Os minutos passam. Desperta uma, a mais pequena que de imediato reclama pequeno-almoço materno prontamente atendido sob o olhar atento, tranquilo e meigo da progenitora. A mais velha ainda está pelo vale dos sonhos infantis rodeada de personagens dos bonecos animados.
Passa o tempo. A mais velha desperta e aparece na porta do quarto com o olhar de “mal-despertada”. Olhos grossos. Chucha nos dentes. Nas mãos o Mickey, a Minnie, o Mínimo que grita “banana, banana!” que ganhou na feira da terra, duas miniaturas de “action-figure” da Princesa Sofia. E reclama “Olha pai como estou tão carregada!”… um beijo em jeito de mimo. Regressa para a cama e sentada olha-me e diz… “pai, vais trabalhar hoje?”… respondo que sim no mesmo instante em que a mais pequena no colo da mãe decide que está cansada e que é hora de reclamar colo e que a adormeçam. Mochila na mão, capacete na outra. Diz que faz 36º hoje. O bafo lá fora já se sente. Beijos distribuídos.
Passa o tempo. Via rápida. Os óculos escuros escondem a evidência de umas lágrimas que querem fugir e fogem mesmo. Cá está mais um motim para enfrentar. Poderia até dizer que é da deslocação de ar, do andamento de um punho espremido no acelerador da 200cc mas na verdade não é. É apenas a tristeza de não cumprir a palavra. De não estar presente. De deixar entre 4 paredes as três mulheres da minha vida.
Motins… cada um tem os seus!
Aquele Abraço… o clássico.
70s.
 

12 de junho de 2015

Gestão de imprevistos...


Gestão de Imprevistos…
 
Amanhece o dia bem pela fresca, ainda antes de entrar o calor. Uma voz reclama a minha presença. A P está com febre e meio chorona. Entre banho, pequeno-almoço e hora de entrada no trabalho começa a gestão de imprevistos. Tirar a febre, pensar no que poderá ser, lidar com os receios mentais de uma possível varicela, a G chora reclamando o seu pequeno-almoço 100% materno. P reclama a minha presença uma vez mais….
 
(vingo-me no punho direito)
 
Cresce um pouco o dia… apenas 1h… o calor já está a chegar. Continua a gestão de imprevistos. Telefonemas de organização do dia, pedir “backup” presencial aos avós, avisar o colégio, gerir a não fome (ou a não vontade de comer da P), gerir o choro da G que acaba por adormecer (será só uma sestinha de 10m ou será para 2h). Ganhar tempo engolindo o café entre a muda de fraldas. Um mimo no cabelo da P.
 
Adianta o dia um pouco mais… mais 30 minutos. Backup garantido. G adormeceu já lá vão mais de 30 minutos. Mais uns mimos na P. Vestir a camisa. Fechar a mala. Hora de entrada já a queimar vou-me vingar no punho direito das duas rodas. Vale que não deve haver trânsito pois é semana de feriado. J olha pela P enquanto o backup não chega. Mala fechada. Mais uns mimos e colinho na P para a animar. Pegar no capacete. Abrir a porta. Fechar a porta. Garagem. Punho direito. Gestão de imprevistos concluída
 
Não custa nada! É só gerir! MENTIRA! Custa…
Custa-me o olhar tristonho e adoentado da P que não me sai da cabeça.
A gestão dos dias… é sempre feita de imprevistos.
 
Aquele abraço. O clássico.
70s

3 de junho de 2015

Dia da Criança... é todos os dias!

A alegria estampada na cara quando lhe dissemos "vamos comer um gelado?"...
Aos gritos de "Viva! Viva! Ehhhhhhhhhh!" e desata a correr corredor fora!


A expetativa infantil de um momento mágico... e que bom que foi cumprir!
Aquele abraço... o clássico!
70s

28 de maio de 2015

Rastos dos meus dias...



Rasto dos meus dias…
Passa o tempo devagar – diz a música! Mas passa! E passou mesmo!
 
A P cresceu (e cresce todos os dias). Inteligente e muito atenta consegue surpreender-nos todos os dias com coisas novas. A caminho dos 3 anos (o tempo passou), é mais autónoma e funcional do que a idade “normalmente” lhe permitira. Faz perguntas! Explica o que quer! Mostra surpresa! Relaciona temas que numa primeira abordagem não se relacionariam. Pede novas desculpas ou relembra uma traquinice qualquer que fez dias antes! Aqueles olhos profundamente azuis cheios de uma gargalhada muito sonora que se confundem na sua voz de bebé furam os meus pensamentos como que adivinhando o que lhe sinto.
 
Rastos....
 
Está numa fase mais sensível. A G veio criar um novo lugar lá em casa. Fez ontem 4 semanas! Mostra-se mais calma e sossegada na sua presença do que a P era com o mesmo tempo de vida. Chora menos (muito, muito menos que a P), dorme bem! Cresce ao ritmo de 200gr por semana tal como se espera. Por vezes digo que quando ela chora “é uma brincadeira de crianças quando comparada com o a P chorava!”. A verdade é que os meus ouvidos não se revoltam ao som do choro. Fizemos mestrado com a P. Ainda hoje ninguém acredita que um bebé possa chorar 6 ou 8 horas seguidas. Mas chorou! Uma aprendizagem que serviu de curso superior na arte do aguenta e não reclama.
 
O tempo passou...
 
O que me entristece, embora esteja plenamente consciente de que é uma fase (frase que mais oiço dizer por estes dias), não são as breves ciumeiras da P quando tenho a G por perto, não é o facto de não ter percebido ainda se o amor duplicou e está igual para as duas, ou se simplesmente é tão grande que cabem as duas “lá dentro” por igual no mesmo amor.
 
O que realmente me entristece é um misto de divisão e ausência. Sinto que de alguma forma traí a P por deixar de ser a única (e não, nunca seria filha única, pois para isso basto eu e não gosto!), a minha menina, a minha princesa, a minha mais que tudo, o meu mundo. Por outro sinto que estou a trair a G pois ela nunca terá a atenção que teve a P quando nasceu. Não pode! Por muito que me queira duplicar, desdobrar, tornar omnipresente… a verdade é que se com a P na chegada a casa do trabalho todo o tempo era para ela, agora com a G quase (e friso o “quase), todo o tempo é para a P. Há rotinas. Banho! Jantar! Lavar os dentes! Ler a história! Adormecer!... só depois respiro fundo e penso… “Bom, agora a G!”… mas muitas vezes a G já adormeceu depois do leite materno! Muitas vezes as horas passaram (mais uma vez o tempo passa), e eu não cheguei lá.
Brincadeira de crianças
 
É verdade que aqui e ali consigo multiplicar as mãos, como já fiz esta semana em que com a G no braço esquerdo atendi ao pedido de ajuda para higiene após utilização de bacio da P. Nem pensei. Um braço preso! O outro fez o que dois fariam. Em bom português… seguro uma ao colo e limpo o “rabinosque” (como diz a P) à outra. Tudo se faz!
 
Estarei eu menos emocionalmente ligado à G… não creio! Estarei eu a não saber dividir o tempo? Talvez!
Estarei eu a dedicar tempo fundamental a ambas… sei lá! Caraças! Sei lá!
 
Sei que estamos onde desejávamos estar! Com mais do que um “filho”! Com um sonho de sempre concretizado! E todos os dias relembrado e agradecido pelos gestos da P e pelos primeiros esgares de sorriso da G. O resto é só pó que fica para trás no rasto dos meus dias.
 
Chegará o dia (é só uma fase lembram-se?), em que a autonomia de cada uma me tornará em alguns aspetos obsoleto e ultrapassado como uma qualquer eletrodoméstico. Chegará o dia em que o tempo que hoje dedico a pedido de ambas serei eu a pedir! Chegará o dia em que as fraldas, berços, carrinhos de passeio serão substituídos por outras quaisquer necessidades próprias da idade e das modas de uma sociedade como a nossa. Tudo isso será também pó no rasto dos meus dias.
 
Por agora vou (como diz a J) sobrevivendo! Mais cólica, menos fralda, mais noite mal dormida, menos horas de surf, mais brincadeira de bonecas ou menos viagens a sagres, vamos sobrevivendo. Dividindo a atenção da forma que podemos face às exigências de cada uma (G e P). Por agora os binómios A+P e J+G são a melhor rotina que encontrámos. Um dia seremos uma equipa única A+P+J+G, quer dizer já o somos, mas faltam essas rotinas de equipa e não de binómios. Sei que a J sentirá mais ou menos a mesma coisa no sentido inverso. Com uma agravante – a sua ligação umbilical com as duas – que a faz tremer quando está com a P e a G chora… “é químico” diz-me a J. Não duvido! Sofre a J ao seu jeito… um jeito que nunca compreenderei na totalidade pois nunca dei de mamar nem carreguei uma vida dentro de mim.
 
Binómios...
 
E pelo meio de tudo isto as exigências do trabalho… dos problemas familiares… Ajuda-me pensar que no fundo lá adiante quando olhar para trás tudo não passará de um longo, doce e belo rasto! O rasto dos meus dias.
 
70s.
(J/P/G – vocês e só vocês… são o meu mundo! É bom regressar a este Oceano!)

26 de maio de 2015

Long time... sem uma letra

 
Acabo de me aperceber que o tempo passou... e passou muito depressa!
 
 
Tanto e tanto tempo sem uma única letra aqui, resultado de tanta e tanta coisa que o tempo já levou e que o tempo está a trazer. Vamos lá apanhar novamente umas ondinhas neste meu pequeno Oceano!