15 de abril de 2011

Uma verdade! Se as há, esta é uma delas!


No ay Camino sin dolor!...

Qualquer Peregrino de Santiago conhece esta “regra”. Não será propriamente uma regra, mas talvez mais uma constatação! Não existe realmente um Caminho sem dor. A vida não foi feita para ser vivida sem um pouco de dor. Seria demasiado simples atravessar o tempo, correndo pelas várias idades e estados de espírito sem um pouco de sofrimento.


Diz-se que Deus não nos dá mais do que aquilo que podemos carregar! A vida aparentemente também não! A dor é parte integrante de quem vive. É parte integrante de quem sonha, planeia, deseja ou simplesmente faz.

Esta 5ª feira parto uma vez mais de mochila nas costas para o Caminho. Ou devo dizer Caminhos? Há sempre esta divisão, esta questão, esta dúvida! O Caminho na verdade é união de corpo e espírito dos diversos Caminhos que percorremos. O físico, o espiritual, o emocional, este e aquele, o outro também… e em todos eles há um pouco de dor.
Para juntar a todos estes rebentos de uma mesma árvore, o Peregrino sabe perfeitamente que a sua mochila é a sua casa, os seus sapatos o seu meio de transporte, os seus olhos o gps. A dor, essa não se vê… mas está lá… estará sempre, pois sempre esteve.

Para este Caminho levo algumas dores… um acordar para a realidade de um nova forma de ver o núcleo familiar paternal. O abandono de um anjo da guarda! O reafirmar da qualidade e valor do meu mais íntimo ser. E sempre a mesma dor nas pernas, nas costas, nos ombros. A tudo isto se junta agora uma nova “dor”… a chuva! Aquela que inunda a casa do peregrino, lhe torna o passo mais incerto, o remete ao seu lado mais animalesco na busca de calor, e que não lhe dará a trégua de ver o sol até ao fim da jornada diária. Até mesmo depois desse fim de jornada, ela lhe relembrará que o seu conforto nocturno num qualquer quarto ou albergue é provisório. Acoitará as janelas. Sacudirá os estores. Relembrando sempre o peregrino que ela, a chuva, continua lá fora e que tudo se resume a uma questão de relógio até esta lhe colocar as pesadas gotas uma vez mais nas costas.

Há dores e dores! Esta é só mais uma… a data está marcada. A rota traçada! O objectivo identificado!... transformar as dores em força ou fé são a solução para quem se lança ao Caminho e pretende chegar à morada última para deixar os seus pensamentos… lá estarei, no início ou no fim, com os sem dores! Com ou sem chuva!...

Aquele Abraço… O clássico!
70s

Sem comentários: